Tema: “Trabalho e bem viver podem caminhar juntos?”

Longe de querermos uma resposta simplista para esta provocação acadêmica, atual e necessária, convidamos toda a comunidade para debater conosco novos e velhos desafios de enfrentamento ao sistema capitalista. O bem viver tem sido uma noção importante para se pensar o nosso tempo. Ailton Krenak tem trazido contribuições significativas que ajudam a jogar luz sobre uma lógica ocidental baseada no consumo antes de qualquer coisa. Ele tenta contrapor, por exemplo, a ideia de bem-estar – influenciada por um conforto proporcionado pela cultura da mercadoria – a uma concepção de vida que está para além da riqueza produzida. A natureza não seria um berço esplêndido de recursos a serem explorados a qualquer custo, que poderia aplacar nossas ansiedades contemporâneas, mas um lugar de identificação e pertencimento. O bem viver estaria condicionado ao respeito a todas as formas de vida como parte de um sistema maior. No entanto, o bem-estar tem nos levado a enxergar a água, a floresta, os animais e outros seres vivos como elementos disponíveis apenas para nosso conforto e bel prazer.

Pensar o trabalho fora do sistema capitalista pode parecer ficção, pois “É mais fácil imaginar o fim do mundo que imaginar o fim do capitalismo”, como vários autores, tais como Fischer, Krenak e outros têm sinalizado. Estudar e analisar criticamente as organizações sociais precisa avançar em várias perspectivas. Acolher outras pessoas como extensão de nós mesmos, numa dimensão de coletivo e de cooperação de um todo não é tarefa simples, pois as tecnologias corporativas de desenvolvimento de recursos humanos corroboram um sistema de competição, instituído e endeusado, no qual a avaliação, a meritocracia e a hierarquização de classes são o seu ponto de partida e de chegada. É preciso compreender e denunciar necropolíticas e anunciar que outras formas de vida são possíveis, para além do sujeito consumista e ancorado na convocação do Outro para Desejar, Falar, Trabalhar (MENDES, 2018). Nesse sentido, perguntamos: Como avançar nessas e noutras rotas de fuga que podem aliviar, mesmo que utopicamente, os sintomas ocasionados por ideias e práticas perversas e doentias do Capitalismo? Convidamos vocês para se juntarem a nós nesse debate, participando do VII Congresso Brasileiro de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho, I Congresso Brasileiro sobre Trabalho, Subjetividade e Práticas Clínicas!